“Hoje,
a ciência moderna prova que a existência como um todo é apenas
vibração. Isso não é invenção minha, é um fato científico.
Onde há uma vibração está destinado que haja um som. Você não é
apenas uma vibração, você é um som. Isso é o que a ciência
moderna está lhe dizendo, e, em algum momento, lá trás, alguém
lhe disse que ‘no princípio era a palavra e a palavra era Deus’.
Uma palavra é um som. Agora, se eu disser ‘yes’, você está
atribuindo um certo significado para isso, pois você conhece o
idioma inglês. Se você não conhecesse a língua inglesa, na sua
opinião, eu estaria apenas emitindo um som. Se eu falasse em uma
língua que você não conhecesse, você naturalmente iria pensar que
eu estaria emitindo sons malucos. Você não saberia se eu estaria
realmente falando uma língua ou inventando algo sem sentido. Então,
a palavra é apenas um som.
Nesse contexto, eles disseram que a
palavra é Deus, porque qualquer um que tenha observado a existência
de perto pôde observar que o que você chama de criação e o que
você chama de criador não podem estar separados. Se você os
separar, a criação deixará de existir. O processo da criação não
pode prosseguir nem por um instante, a não ser que esteja sendo
constantemente auxiliado pela fonte da criação, pois a criação
não é algo pronto, ela é um processo contínuo. Como a criação
poderia ser um processo contínuo sem o envolvimento da fonte da
criação? Ela está constantemente envolvida. Ela não pode ser
separada, e é por isso que eles disseram ‘no princípio era a
palavra’. Isso significa que, quando o criador começou a se
manifestar, a partir do não manifestado, a primeira coisa que
aconteceu foi o som. Até mesmo os cientistas concordam que houve um
grande estrondo. Um estrondo significa um som.
Deixe-me lhe contar
como o yoga explica a criação vinda de dentro. Esta é uma cultura
dialética. Eu poderia colocar tudo num abecedário, se você quiser,
mas vamos apreciar a cultura. Há uma certa beleza na terminologia.
Por eu estar falando de uma dimensão que não está na nossa
percepção lógica, é melhor falar de forma dialética.
A história
começa assim: Shiva está dormindo. Quando dizemos ‘Shiva’,
aqui, não estamos falando da pessoa ou do yogi. ‘Shiva’, aqui,
refere-se ‘àquele que não é’, àquele que é nascente. ‘Aquele
que não é’ só pode estar dormindo, e sempre se referiram a ele
como ‘aquele que é escuro’.
Enquanto Shiva dormia, Shakti veio
em busca dele. Ela queria que ele acordasse, pois ela queria dançar
e brincar com ele. Ela queria cortejá-lo. Inicialmente, ele não
acorda. Depois de algum tempo, ele acordou. Qualquer um que esteja em
sono profundo, se você acordá-lo, ele vai ficar levemente irritado.
Se você estivesse em sono profundo, e alguém viesse e te acordasse,
não importaria o quão bela esta pessoa fosse, você ficaria
zangado. Então ele se zangou, fez um estrondo e se levantou. Esta é
a razão pela qual a sua primeira forma, e seu primeiro nome, é
Rudra. A palavra ‘rudra’ significa ‘aquele que ruge’. O
primeiro e único Deus que existiu na cultura indiana foi Rudra.
Rudra literalmente significa ‘aquele que ruge’ — um rugidor.
Eles o chamaram de Rudra, pois, no começo da criação, houve um
rugido. Os cientistas chamam isso de bang, e os cientistas também
estão dizendo que, da mesma forma que houve um Big Bang, é possível
que, um dia, um Grande Colapso aconteça. Esse seria o processo
inverso do Big Bang, que irá arruinar tudo, aqui e agora.
Alguns
cientistas dizem que houve uma série de bangs, e não apenas um
bang. A ciência sempre acreditou que tudo tem um começo e um fim,
mas, agora, os físicos estão se referindo a um universo sem fim.
Essa é uma teoria popular em curso entre a comunidade científica
atualmente, que propõe que o universo possa ser interminável.
Paul
Steinhardt, que é o Diretor do Centro de Ciências Teóricas da
Universidade de Princeton, escreveu um livro chamado ‘Universo Sem
Fim’. Tive um encontro com Paul Steinhardt e, durante a nossa
conversa, eu perguntei a ele: ‘É possível que não tenha sido um
estrondo, e sim um rugido, um rugido contínuo?’.
Ele pensou sobre
isso, ponderou vários aspectos e então disse: ‘É possível.
Talvez não tenha sido só um estrondo, foi um rugido. Isso não
aconteceu em um instante, mas o rugido durou um certo tempo e,
lentamente, a criação começou a acontecer’. Eu perguntei:
‘Quantas vezes você acredita que poderia ter rugido?’. Ele
disse: ‘Não podemos dizer isso, porque não temos como saber
quantas vezes, mas, obviamente, rugiu mais de uma vez’. E eu disse:
‘Algum dia, se a sua pesquisa lhe conduzir para essa direção,
mantenha isso como um parâmetro. Ele rugiu 84 vezes’. Ele
perguntou: ‘Como você sabe? Baseado em que você diz isso?’. Eu
disse: ‘Ao olhar para o meu sistema, eu estou lhe dizendo que a
criação rugiu 84 vezes e vai rugir mais, muitas vezes mais’. Irá
rugir num máximo de 112 vezes. Quando rugir pela última vez, não
haverá começo nem fim, será uma criação perpétua.
Isso está
muito distante, mas, eu lhe disse ‘mantenha este número 84 como
uma espécie de parâmetro. Você possui os equipamentos e a
matemática, você aprendeu muitas coisas, trabalhe nisso e, um dia,
se você chegar a algum número, você chegará a esse número 84’.
‘Como isso é possível?’, ele perguntou. Eu disse: ‘Se você
pegar uma árvore que foi cortada, as pessoas olham os anéis do
tronco da árvore e descrevem como, nos últimos mil anos, ocorreu
uma seca, ocorreu um excesso de chuva ou ocorreu uma queimada. De
forma semelhante, se você cortar o sistema humano com a sua
consciência, a própria história dessa criação está escrita
nele. A criação rugiu 84 vezes’.
Este é o 84.º ciclo e ele vai
continuar acontecendo até alcançar o 112.º. Apenas 112 podem
acontecer no total. Os outros dois são não físicos. As 112
criações serão de natureza física. As últimas duas serão
criações perpétuas. Ou seja, após a 112.ª, a próxima criação
acontecerá em condição semifísica, não em condição física.
Esta será a número 113. Depois dela, a número 114 é uma criação
completamente não física, uma não coisa, que, neste momento, não
se manifestou. Uma não coisa se manifestará da maneira mais sutil
possível. É isso que o yoga diz. Shiva rugiu 84 vezes e ele rugirá
112 vezes. Depois disso, ele não irá mais rugir. Ele se retirará.
Isso significa que o nada será um universo. Não será existência
física.
Baseado nisso, pelo fato de você viver e existir na 84.ª
criação e você ter 84 chakras de uma certa natureza, o yoga
desenvolveu 84 asanas ou posturas. Existem 112 tipos diferentes de
meditação, mas 84 asanas básicos, pois 84 dizem respeito às
memórias passadas. O resto é o futuro.
Das 84 criações, 83 já
aconteceram e esta aqui, a 84.ª, ainda está acontecendo. Assim como
a criação é contínua, a dissolução também é contínua. O
processo de dissolução começa para algumas criações e elas
começam a se dissolver. Dessas 84 criações, 20 ainda estão em
níveis diferentes de dissolução, enquanto as outras foram
completamente obliteradas. Você só consegue vê-las em sua
consciência, observando esta criação, pois, de certa forma, ela
contém os resíduos, ou a experiência, de tudo aquilo.
Quando você
era criança, digamos que você, em um ano, produzia cem bilhões de
células. Quando você fez 35 anos, isso diminuiu um pouco. Quando
você fez 45 anos, diminuiu um pouco mais. Quando você chegou aos 55
anos, diminuiu mais ainda, e, com 75 anos, diminuiu ainda mais. Chega
um momento onde o que morre é maior do que o que você consegue
repor. É assim que o envelhecimento acontece. Exatamente o mesmo
processo está acontecendo com a criação.
A dissolução está
sempre acontecendo. Até mesmo nesta criação, a dissolução está
sempre acontecendo, mas novas criações estão acontecendo, então
ela está ativa de forma vibrante. Quando a nova criação for
diminuindo e cessar, durante um período, acontecerá apenas
dissolução. Então, depois de um certo tempo, sobrarão somente as
impressões da memória, nenhuma impressão viva permanecerá. Neste
sentido, apenas 21 criações ainda possuem alguma forma de
existência. As outras 63 criações restantes se foram
completamente. Você não consegue vê-las em lugar algum, mas você
consegue vê-las como impressões da memória dentro do seu próprio
sistema, pois, tanto essas impressões como essa experiência, ainda
estão aqui.
A criação é a coisa real. Todo o resto está ativo em
ordem regressiva. Na criação atual, existem duas — uma é a
fisicalidade, que carrega a memória de tudo; a outra é a fonte da
criação, que é a base do futuro. Quando você permite que o seu
passado se torne o futuro, nós te olhamos e dizemos ‘esse é o seu
karma’. Isso significa que você está permitindo que o seu passado
seja o seu futuro. Não há nenhuma possibilidade nova em você.
Quando olhamos para alguém e dizemos ‘karma’, estamos dizendo
apenas que a pessoa está permitindo que o seu passado se torne o seu
futuro. Realmente não há futuro para ela, aquilo irá se repetir.
Quando você diz ‘eu estou percorrendo um caminho espiritual’, em
um nível, o que você está declarando é que você não quer que o
passado se repita como futuro, você quer que a sua vida siga
adiante. Você não quer fazer parte do ciclo. Quando dizemos ‘esse
é o karma dele’, isso é o que estamos dizendo, ‘ele não vai
chegar a lugar algum’, porque apesar de ele estar andando em
círculos, ele acredita que é uma nova jornada. Contudo, só é uma
nova jornada porque ele tem uma memória muito curta.
Todos estão em
estado de demência. Eles não se lembram do que aconteceu antes do
ventre de suas mães. Então, toda vez que eles passam por isso,
parece ser novidade. É como andar numa esteira rolante. Parece que
você está indo para algum lugar, mas você não está — isso é
karma."
-Sadhguru
Este
é um resumo do artigo, para lê-lo na íntegra acesse o link abaixo:
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